"Amar não é apoderar-se do outro para completar-se, mas se dar ao outro para o completar."
E o Josué? Onde está?
Há quem diga que ele continua no Canal 7, porém o comediante Teresopolitano tem sido visto nas dependências da TV Cidade. Na ultima semana o ator foi visto curtindo uma praia da região dos lagos. De camisa.
STROGONOFF COM FEIJÃO
- por Zimbrão -
Ela é uma senhora de cabelos grisalhos, óculos, gorda, com mãos trêmulas que denunciam os seus pra lá de 70 anos. Todos os dias, ao meio dia em ponto, ela chega ao retaurante e isso faz com que estejamos sempre em rota de colisão pois é exatamente esse o horário do meu almoço. Ela é simpática e muito amorosa. O problema é que o restaurante é um self-service popular e todas as vezes que ela consegue chegar antes de mim começa o meu martírio. O corredor da comida é apertado, o que faz com que a fila seja bem parecida com a da 110ª DP e sempre que a velhinha chega primeiro o seu excesso de "fofura" impede qualquer tentativa de ultrapassagem. Não estaria reclamando se a velocidade dela seguisse a média de um ser humano qualquer, o problema é que ela é muito lenta. Às vezes acho que ela se conecta espiritualmente com os alimentos da bandeja pra selecionar aqueles que saciarão melhor o seu apetite. Sei que você deve estar pensando "Nossa, como Zimbrão é mal!", porém seja sincero e me responda: Você acha normal misturar strogonoff de frango com feijoada? Ela é que está pagando então que coma o que quiser, só que ela custa muito pra selecionar os pedacinhos de frango do strogonoff e quando consegue fazê-lo ainda escorre todo o molho. Ao lado da bandeja do strogonoff tem uma bandeja de peito de frango grelhado. Porque que o diabo da velha não pega a porra do frango grelhado? A essa altura o engarrafamento chega até a porta do restaurante a falta de ventiladores começa a fazer o suor escorrer por baixo do braço me deixando ainda mais nervoso. Porque que velhos não tem pressa? Nunca entendi isso. Se a morte está perto a lógica não seria querer viver o máximo possível? Velhos não tem pressa. Nenhuma. Ela seleciona as lentilhas. Os ovos de codorna também. Nisso metade do meu apetite já se transformou em ódio. Se fosse um videogame eu já teria metralhado a velhinha. Mas a vida real é diferente. A quantidade de mesas do restaurante não é proporcional à clientela e é normal que as pessoas dividam sua mesa com estranhos. Ela gosta de dividir a mesa comigo. Não sei porque mas ele acha que eu gosto de ouvir lamentações na hora da refeição. Ela ora antes de começar a comer agradecendo pelo alimento concedido. Eu apenas elevo meu pensamento aos céus e pergunto "Por Que Eu?"A velha tem tanta doença que me faz lembrar a música "O Pulso" dos Titãs. Seguimos falando da catarata, osteoporose e afins e nos despedimos com um "até amanhã", eu com o desejo de chegar antes dela. Por mais que ela seja lenta, ela sempre chega na minha frente. Coisas da vida.
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