CACHOEIRA FREQUENTADA Às vésperas da votação do STF sobre o escândalo do mensalão que marcou de forma negativa o governo Lula, e diante de uma força tarefa montada pelo PT que vem contando até com os esforços do próprio ex-Presidente na tentativa de adiar o julgamento para 2013, a atenção pública agora se vê dividida com um novo mar de lama, envolvendo parlamentares, governadores, empresários, policiais e bicheiros num esquema de corrupção e favorecimento que envolve bilhões de reais dos cofres públicos.
O novo escândalo ganhou a mídia no final de fevereiro com a prisão do bicheiro Carlos Augusto Ramos, vulgo Carlinhos Cachoeira. Essa era apenas a ponta de um iceberg que revelaria mais um escândalo nacional. O bicheiro, pivô do novo encândalo, mantinha relações com a alta cúpula do poder de onde conseguia proteção e informações em troca de propina. As investigações da Polícia Federal apontam que o bicheiro tinha sob suas ordens 2 delegados da polícia civil e 30 policiais militares, além de contar com espiões dentro da própria PF que o municiavam com informações do seu interesse.
O escândalo, que será alvo de uma CPI e testará a independência dos Ministros do STF, vem marcando de batom as cuecas da alta cúpula do poder. Um dos primeiros a se enrolar foi o Senador Demóstenes Torres, até então o bastião da moralidade do DEM, que foi flagrado em mais de 300 ligações com Cachoeira e que recebeu do bicheiro vários presentes, entre eles um dos aparelhos de rádio Nextel, de um total de 15 que foram distribuídos aos seus chegados e que foram habilitados em Miami no intuito de dificultar o monitoramento das ligações. O Senador também foi gravado pedindo dinheiro a Cachoeira e informando o bicheiro a respeito do andamento de projetos do seu interesse.
Entre as cabeças a prêmio reveladas pelo escândalo Cachoeira, uma tem provocado e muito o entusiasmo de Lula. Em 2005, Marconi Perillo, hoje governador de Goiás, pôs Lula numa saia justa ao contradizer o presidente, revelando que teria alertado Lula sobre o mensalão da época. Agora Lula sente o gosto da vingança ao ver Perillo envolvido no escândalo Cachoeira, graças as ligações telefônicas entre o bicheiro e a chefe de gabinete do Governador que dão margem às suspeitas de que Perillo estaria envolvido no esquema do jogo do bicho no estado.
E entre os supostos envolvidos, uma empresa bem conhecida dos teresopolitanos: A empreiteira Delta, responsável pela construção do polêmico novo Fórum na Praça Governador Portella. Ela é uma das empresas suspeitas de participar do "esquema Cachoeira" e, segundo as investigações da Polícia Federal, atuaria na lavagem de dinheiro do Jogo do Bicho, tendo repassado, somente nos últimos dez meses, mais de 39 milhões de reais para empresas de fachada ligadas ao bicheiro.
Líder absoluta no ranking de contratações junto ao Governo Federal, a Delta já faturou mais de 4 bilhões de reais a título do PAC. O dono da empresa, Fernando Cavendish, aparece em uma gravação onde diz que contratos com o poder público poderiam ser realizados através do suborno dos políticos. "Se eu botar 30 milhões na mão de um político eu sou convidado pra coisa pra caralho"- disparou o empresário.
Em 2004 Cachoeira também ganhou as manchetes dos jornais, naquele que se tornou o primeiro escândalo de corrupção do governo Lula, após a divulgação de um vídeo gravado pelo bicheiro onde Waldomiro Diniz, assessor do então Ministro da Casa Civil José Dirceu, lhe faz um pedido de propina para arrecadação de fundos que seriam destinados a campanha eleitoral do Partido dos Trabalhadores e do Partido Socialista Brasileiro. Em troca, a alta cúpula facilitaria os rumos de uma empresa do bicheiro num processo de concorrência pública junto ao governo do Rio de Janeiro.
E pelo que tudo indica, apesar do entusiasmo inicial do PT no escândalo cachoeira, a relação do bicheiro com os petistas existe até hoje. Recentemente um vídeo foi publicado na web e mostra Cachoeira oferecendo 100 mil reais para o Deputado Rubens Otoni, do PT de Goiás.
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