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maio 25, 2007

ADIVINHE QUEM É:





















INDIO CHIQUINHA



Obs: Este texto fora retirado da Revista Folha de São Paulo

Ele já apareceu em programas como "Gordo Freak Show" e "Pânico na Tv".
Nome Lucival Cardoso, o Índio Chiquinha
Idade 58
Profissão artista de rua
Estado civil solteiro

Experiência apresenta coreografias como a "dança do cavalo doidão" e a "dança da ponte"A dança do índio [por Paulo Sampaio]
O show é itinerante: atualmente tem edições diárias, vespertinas, na praça Patriarca, centro, mas já rodou o interior de São Paulo e também cidades como Joinville, em Santa Catarina, Santa Maria, no Rio Grande do Sul e até Buenos Aires, Argentina.
Único astro (e também diretor, coreógrafo e contra-regra do espetáculo), o paraense Índio Chiquinha faz questão de dizer que apresenta algo "diferenciado"."Qualquer um sabe fazer estátua, jogar capoeira ou dançar balé. Eu sou um artista único. Se o meu show fosse no Municipal, a entrada seria R$ 30", ele avalia, enquanto roda um saco coletor de dinheiro antes de apresentar a "dança do cavalo doidão", coreografia dele mesmo, executada ao som de uma música com acordes havaianos, tipo hula-hula. Dependendo da canção, o astro também canta. Solteiro, sem filhos ("Achei que iria me separar muito e acumular dívidas"), Índio Chiquinha é filho de branco com índio e diz que tem sangue de macaco também ("Morávamos perto da mata, minha mãe pode ter tido relações com um macaco"). Batizado Cananaína, ele mudou de nome, primeiro, para Lucival Cardoso, quando veio "viver na civilização"; sua carreira artística sucede esse período: "Passei uns bons anos sendo mendigo, na Lapa, mas sempre gostei de cantar e dançar, até que adotei meu atual nome, por causa da origem indígena e das marias-chiquinhas que uso", diz, rodeado por uma audiência de transeuntes.Há três meses em São Paulo, ele diz que em breve termina o período de apresentação no centro. "Devo ir para o Sul, mas volto sempre para o mesmo lugar. Acho importante criar uma tradição", explica.





Como o senhor começou a fazer shows na rua?
Sempre cantei, mas antes não levava tão a sério. Era mendigo. Aí percebi que, quando me apresentava, o povo gostava. E fui adiante.

O show é sempre o mesmo?
Imagina. Estou criando o tempo todo. Já inventei a dança do "cavalo doidão" (em que sai galopando em disparada pela praça, depois de arrastar o pé direito no chão), a dança da ponte (em que pula como um goleiro sobre um pé de bota feminina colocada em cima de um banco baixinho) e, agora, a dança do pau. Mas essa prefiro não adiantar os passos porque é inédita.

Como o sr. se prepara? Costuma fazer alongamento?
Não, nada disso. Sou magro e muito flexível. Ensaio as danças no corredor da pensão onde eu moro, o povo pensa que eu sou maluco.

Ganha o sr. quanto por dia?
Aqui (em São Paulo), não ganho bem. Só R$ 20 ou R$ 30 por dia. Mas quando viajo, especialmente para o Sul, chego a ganhar R$ 130.

O sr. viaja muito?
Muito. Já estive até em Buenos Aires. Uma fulana que conheci aqui disse que iria me mostrar um lugar ideal para eu me apresentar lá: fui ajudando a levar sua mudança, mas no fim ela só me queria para carregar lenha no frio. Aí apareceu a Vera, uma brasileira toda suja, cheia de filhos, que me abrigou no barraco dela. Os filhos dessa Vera me mostraram a Recoleta, bairro chique de lá, e passei a me apresentar e ganhar bem. Dava uma parte para eles. Com isso, pude ajudá-la a construir uma casa de tijolos, de várias lajes. Era uma favela bonita, argentina.




Como o sr. faz as pessoas colaborarem?
Sou revoltado. Então, como sei que o meu show tem qualidade e que o povo quer ver, digo: "Gente, enquanto não vir R$ 5 nesse saco, não começo; quem tem? Falta só R$ 1!"
Vive disso?
Gasto pouco. Pago R$ 10 na pensão, que fica na Lapa, e faço apenas duas refeições por dia. O café da manhã é mais reforçado: quatro pãezinhos com manteiga, dois pães de queijo, um bolinho de fubá, duas bananas, café com leite. Depois, só vou comer no jantar, lá no mesão, no largo do Paissandu. Pago R$ 1.

Seu repertório é escolhido como?
Gosto das músicas do período entre 1940 e 1970: sou muito fã de Raul Seixas e acho que nunca existiu uma voz como a de Jerry Adriani. Talvez a do Renato Russo, mas essas bandas são minhas contemporâneas e eu não vou pagar para assisti-los.

O show tem público certo?
O pessoal aqui do centro já me conhece, e também colocaram o meu nome em um site, acho que é isso... (há três comunidades "Índio Chiquinha" no Orkut).


















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